5 ideias-chave sobre regulação emocional

“Sem qualquer excepção, homens e mulheres de todas as idades, de todas as culturas, de todos os graus de instrução e de todos os níveis económicos têm emoções, estão atentos às emoções dos outros, cultivam passatempos que manipulam as suas próprias emoções, e governam as suas vidas, em grande parte, pela procura de uma emoção, a felicidade, e pelo evitar das emoções desagradáveis” (3). As emoções e a regulação emocional são, assim, transversais a todos os seres humanos, procurando o equilíbrio dos indivíduos. Eis 5 ideias básicas sobre regulação emocional.

1. A regulação emocional diz respeito à capacidade de gerir e responder efectivamente às experiências emocionais (6), de modo socialmente ajustado, suficientemente flexível e conforme necessário ao equilíbrio humano (2). Envolve vários processos conscientes ou inconscientes e intrínsecos ou extrínsecos responsáveis pela monitorização, avaliação e modificação das reacções emocionais para atingir um determinado objectivo - que pode ser, por exemplo, o bem-estar (7).

2. Dado que as emoções são conjuntos de respostas complexas que visam a melhor adaptação e resposta do indivíduo aos estímulos do meio (5), o modelo processual de Gross concebe a regulação emocional como um conjunto de processos ligados: a) a uma situação emocional relevante, b) à atenção direccionada para essa situação, c) à avaliação e interpretação dessa situação e d) à resposta emocional que é gerada, sendo que todos estes processos podem ser alvo de regulação (4).

3. A regulação das emoções está relacionada com aspectos biológicos, cognitivos, comportamentais, sociais e da personalidade que se foram formando ao longo do desenvolvimento, influenciando que emoções os indivíduos sentem, quando sentem, a forma como as experienciam e como as expressam, quer ao nível corporal como ao nível interpessoal (4).

4. Tem-se verificado uma associação significativa entre a capacidade de regular eficazmente estados emocionais indesejados e a saúde mental em várias patologias enunciadas no DSM-5, como, por exemplo, depressão, ansiedade, perturbações alimentares, abuso de substâncias psicoactivas e perturbação de stress pós-traumático (1).

5. Existem várias estratégias de regulação emocional, entre as quais salientamos as seguintes (6):

. Aprender a identificar e a dar nome ao que se está a sentir (ex.: vou ter um teste, sinto-me ansioso);

. Cuidar das necessidades físicas e psicológicas (dormir bem, fazer refeições saudáveis e exercício);

. Envolver-se em actividades que promovam um sentido de conquista (ex.: projectos com objectivos definidos) e valorizar as coisas positivas que a vida proporciona;

. Avaliar e reflectir sobre o impacto das emoções (ex.: porque estou a reagir ou a sentir-me assim?);

. Procurar apoio psicológico com um especialista, se necessário;

Imagem de: https://www.online-therapy.com/cbt

Referências bibliográficas:

(1) Berking, M., & Whitley, B. (2014). Affect regulation training: A practitioners' manual. Berlin: Springer.

(2) Cole, P. M., Michel, M. K., & Teti, L. O. (1994). The development of emotion regulation and dysregulation: A clinical perspective. In N. A. Fox (Ed.), The development of emotion regulation: biological and behavioral considerations. Monographs of the Society for Research in Child Development (pp. 73-100). Chicago: University of Chicago Press.

(3) Damásio, A. (2004). O sentimento de si: Corpo, emoção e consciência (1.ª ed.). Lisboa: Círculo de Leitores.

(4) Gross, J. J. (1998). The emerging field of emotion regulation: An integrative review. Review of General Psychology, 2, 3, 271-299. doi: 10.1037/1089-2680.2.3.271

(5) James, W. (1884). What is an Emotion?. Mind, 9 (34), 188-205. doi: 10.1093/mind/os-IX.34.188

(6) Rolston, A., & Lloyd-Richardson, E. (2016). What is emotion regulation and how do we do it? Retirado de http://www.selfinjury.bctr.cornell.edu/perch/resources/what-isemotion-regulationsinfo-brief.pdf

(7) Thompson, R. A. (1994). Emotion regulation: A theme in search of definition. In N. A. Fox (Ed.), The development of emotion regulation: biological and behavioral considerations. Monographs of the Society for Research in Child Development (pp. 25-52). Chicago: University of Chicago Press.doi:10.1111/j.1540-5834.1994.tb01276.x.