Ideias-base acerca da vinculação
- o pátio - comunidade
- 19 de dez. de 2017
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“The young child’s hunger for his mother’s love and presence is as great as is hunger for food” (Bowlby, 1969/1971, p. 13). A Vinculação é um conceito transversal a uma panóplia de áreas que exploram o pensamento, sentimento e comportamento humanos desde a infância à idade adulta e desde a “normalidade” à “patologia”. Seguem algumas ideias basilares acerca deste construto:

Bowlby (1) foi o primeiro autor a admitir a importância da relação entre ligação e separação mãe-bebé e sentimentos de perda e de perigo por parte da criança, ao observar a emergência de comportamentos inatos com funções sociais independentemente da satisfação das necessidades vitais.
Mary Ainsworth (2), pela observação da interação de díades mãe-bebé em laboratório, experiência denominada por Situação Estranha, concluiu a existência de três estilos de vinculação distintos: seguro, inseguro-ansioso/ambivalente e inseguro-evitante. Mais tarde, Main e Soloman (3) inseriram um quarto estilo – estilo desorganizado/desorientado. Cada estilo corresponderia a um padrão específico de comportamento por parte da criança.
Posteriormente, verificou-se que o comportamento dos bebés estaria associado à forma como as mães lidavam com os filhos (2). Mães mais rejeitantes e menos afetivas estariam tendencialmente associadas a bebés do grupo inseguro-evitante, mães mais responsivas e afetivas corresponderiam a bebés maioritariamente classificados no grupo seguro, e mães mais imprevisíveis e intrusivas corresponderiam, geralmente, a bebés classificados no grupo inseguro-ansioso/ambivalente.
Atualmente, entende-se que as relações precoces adaptativas ou maladaptativas têm impacto na capacidade de mentalização e na regulação emocional da criança (4). Segundo Fonagy e Bateman (5), a mentalização é a capacidade de dar sentido aos estados mentais do próprio e dos outros, em termos de estados intencionais subjetivos, guiando o próprio comportamento e as interações sociais. A capacidade de o cuidador estar atento ao que a criança sente a cada momento é essencial para que consiga espelhar à criança os seus estados emocionais e ajudá-la a mentalizar (4).
Estes padrões de vinculação tendem a manter-se na idade adulta e influenciam a forma como a personalidade é organizada, bem como a maneira como o adulto responde às diversas situações stressantes que lhe surgem (6) (7) (8).
Referências Bibliográficas
Bowlby, J. (1971). Attachment and loss: Attachment (Vol. 1). London: Penguin Books. (Trabalho original publicado em 1969)
Ainsworth, M. D. S., Blehar, M. C., Waters, E., & Wall, S. (1978). Patterns of attachment: A psychological study of the strange situation. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, Inc.
Soares, I., Martins, E. C., & Terreno, S. (2007). Vinculação na infância. In I. Soares (Ed.), Relações de vinculação ao longo do desenvolvimento: Teoria e avaliação (pp. 47-98). Braga: Psiquilíbros.
Fonagy, P., Gergely, G., Jurist, E. L., & Target, M. (2002). Affect regulation, mentalization, and the development of the self. New York, NY: Other Press.
Fonagy, P., & Bateman, A. W. (2007). Mentalizing and borderline personality disorder. Journal of Mental Health, 16, 83-101. doi: 10.1080/09638230601182045
Fraley, C. R. (2002). Attachment stability from infancy to adulthood: Meta-analysis and dynamic modeling of developmental mechanisms. Personality and Social Psychology Review, 6, 123-151. doi: 10.1207/S15327957PSPR0602_03
Mikulincer, M., & Shaver, P. R. (2016). Adult attachment and emotion regulation. In J. Cassidy & P. R. Shaver (Eds.), Handbook of attachment: Theory, research and clinical applications (pp. 507-533). New York, NY: The Guildford Press.
Van der Kolk, B. A. (2014). The body keeps the score: Brain, mind, and body in the healing of trauma. New York, NY: Penguin Books.
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