"Black Mirror - Nosedive": Uma realidade distante?
- o pátio - comunidade
- 29 de abr. de 2018
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No seguimento do vídeo que partilhamos esta semana, onde Bailey Parnell discute, não só, as consequências de uma sociedade cada vez mais ligada às redes sociais, mas também algumas linhas orientadoras que podem tornar este uso mais saudável, também a nossa crónica se foca neste tema. Um tema que mais do que actual, poderá muito bem vir a ser (se já não o é) parte integrante do futuro da saúde mental. Para quem é fã da série “Black Mirror”, uma série que apresenta em cada episódio uma nova realidade, certamente já se deparou com vários temas de interesse. No episódio “Nosedive” é descrito um mundo alternativo onde as pessoas podem avaliar e ser avaliadas num ranking de 0 a 5, sendo a actual pontuação de cada um, visível para todos. Escusado será dizer que este método leva a um ciclo vicioso, a uma obsessão por ser aceite, onde a falsidade impera e a avaliação se torna quase como uma moeda de troca. O poder concentra-se junto dos melhor pontuados e os restantes vão sendo cada vez mais postos à parte da sociedade. Uma realidade absurda. Mas afinal, quão longe estaremos nós disso? Segundo um artigo da Forbes, há várias maneiras através das quais a utilização excessiva das redes sociais poderá comprometer a nossa saúde mental. Tal como o ciclo vicioso em que Lacie Pound, personagem principal, se encontra, também nós nos encontramos num caminho próximo: as redes sociais são viciantes. Segundo Kuss e Griffiths (2011), a negligência da vida pessoal, alterações de humor e outras características encontradas nas adições, estão também presentes em algumas pessoas que usam excessivamente as redes sociais, chegando mesmo a experienciar sintomas de ansiedade, quando privadas do seu uso. Os sentimentos de bem-estar proporcionados pelo Facebook, Instagram, Twitter e outros, parecem também ser bastante “duvidosos”, não contribuindo para o bem-estar a longo prazo, contrariamente ao que acontece nas relações sociais ditas “offline”. A comparação entre a nossa vida e a dos indivíduos presentes na nossa rede torna-se inevitável e é aqui que o factor “inveja” muitas vezes entra em cena, apesar das redes sociais mostrarem uma realidade alterada, construída. Mas se ainda pensamos que não poderíamos estar mais longe da realidade dita alternativa que nos apresenta “Black Mirror”, estudos demonstram também que os indivíduos chegam mesmo a sentir-se excluídos ao parar de utilizar as redes sociais. A realidade de “Nosedive” é apenas a nossa realidade “online”, passada para a vida real. Tal como refere Bailey Parnell na sua TedTalk, não quero com isto defender que paremos de usar as redes sociais. Talvez o seu uso mais moderado, a melhor filtragem da informação que absorvemos e partilhamos façam parte integrante do caminho para uma utilização mais saudável. Mas principalmente, parar antes de um futuro próximo que sobrepõe gradual e subliminarmente o “eu das redes sociais” ao “eu da vida real”. Para que a Lacie Pound que se liberta e se encontra finalmente ligada a si própria e às suas vontades e desejos, não seja, à semelhança do que nos é apresentado nesta realidade, o lado estranho e negro da sociedade.
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