Dissonância cognitiva, o S.O.S. Mental
- o pátio - comunidade
- 8 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de nov. de 2019

Por norma os seres humanos gostam de pensar que são racionais e lógicos, no entanto isso não poderia estar mais longe da verdade. Como seres complexos que somos, é normal que partes da nossa personalidade ou sistema de crenças possam entrar em conflito umas com as outras ou com fatores culturais e sociais. Este conflito chama-se dissonância cognitiva e é algo prevalente na mente humana. Ocorre quando temos um comportamento que vai contra o nosso sistema moral e de crenças. Um exemplo clássico consiste numa pessoa que acredita que cuidar do ambiente é importante, mas não recicla. Estas duas proposições em conflito criam uma dissonância que causa desconforto ou sofrimento, no qual a pessoa vai tentar diminuir utilizando entre três soluções: Procurar outras crenças associadas que diminuam a dissonância cognitiva; reduzir a importância do conflito e por último mudar a crença conflituante de modo que seja consistente com outras crenças, comportamentos e realidade. Este último é sem dúvida o mais difícil de fazer, mas também aquele que fornece espaço para reflexão nesta crónica. Face a conflitos internos, as pessoas tendem encontrar subterfúgios do que porem em causa as suas próprias crenças. É sem dúvida difícil não entrar em dissonância cognitiva, afinal nem tudo é preto no branco, as nuances existem e ainda bem que existem. Mas mais difícil ainda é usar essa dissonância para mudar a nossa maneira de ver o mundo, as nossas opiniões e crenças, a nível individual e social. Quando um clube de futebol é acusado de corrupção, é mais simples dizer, mas os outros também e fazer uma lista exaustiva de como os outros são piores do que também fazer uma lista do nosso clube e admitir que também tem falhas. É difícil sermos confrontados com a falha de eficácia nas medicinas alternativas porque “funcionou” comigo e então eu acredito mesmo que funciona e então agarro-me a casos anedóticos para confirmar a crença ao invés de ler a evidência e assumir que pode ter sido um conjunto de razões que não o tratamento em si. Também é difícil ver um ídolo de futebol tão querido ser acusado de violar uma mulher, então torna-se menos sofredor, racionalizar a situação e culpar a suposta vítima ao invés de poder assumir que ele pode ter violado uma mulher. O importante a reter e a refletir é que devemos fazer uma introspeção ao nosso sistema de crenças quando esta dissonância surge. Por vezes o mais difícil de fazer é o que nos dá mais tranquilidade, afinal a realidade não quer saber das nossas crenças.
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