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"O Bode expiatório"

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    o pátio - comunidade
  • 17 de abr. de 2018
  • 2 min de leitura

O bode expiatório ou scapegoat em inglês é o termo usado quando se quer culpabilizar alguém pelo mal alheio. Esta expressão surgiu em tradições judaico-cristãs, mais precisamente no levítico onde duas cabras são usadas para a purificação de Israel. Um dos bodes é sacrificado e o outro, denominado bode expiatório, era tocado na cabeça, pelo sacerdote, que carregava em si todos os pecados dos israelitas e depois eram enviados para o deserto onde esses pecados eram aniquilados. Há também outra figura bíblica que é um bode expiatório para os pecados da humanidade, Jesus Cristo, que segundo dizem morreu para libertar a humanidade de todos os seus pecados. Usar a tradição judaico-cristã para contextualizar o bode expiatório tem uma razão histórica, mas também psicológica. Pois a noção de pecado está ligado a um sentimento muito especifico para o ser humano, a culpa. É esse sentimento também que está ligado ao bode expiatório, pois pomos nele a culpa de algo. É algo transversal ao ser humano, todos nós o fazemos. Seja a nível social e cultural como culpabilizar uma raça ou etnia pelos males da sociedade, ou culpar o arbitro pela derrota da equipa de eleição. Também ocorre ao nível relacional e social onde arranjamos um bode expiatório para os nossos azares pessoais. Porque é que isto é importante para a psicologia? Por duas razões: A primeira é que este bode expiatório surge através de um mecanismo de defesa muito importante para o ser humano, a projeção. Este mecanismo de defesa consiste em pormos no outro características nossas e assumirmos que essas características não pertencem de todo a nós próprios. Isto é muito útil quando não conseguimos lidar com falhas nossas e temos alguém a quem apontar essas falhas. A segunda é que o bode expiatório permite alivar as nossas frustrações, dissonâncias cognitivas, falhas e fracassos, mas também impede o olhar para dentro e a responsabilidade pessoal. Diferenciar aquilo que é nosso e do outro permite que assumamos para nós próprios a responsabilidade pessoal dos nossos êxitos, conquistas e momentos bons da nossa vida mas também que assumamos a responsabilidade das nossas falhas, fracassos, erros e momentos maus na vida. A procura incessante de nos aliviarmos mentalmente através da projeção no outro, impede o nosso crescimento como seres humanos que também podem falhar e errar e aprendem com isso. Tal como Jesus teve de morrer pelos pecados da humanidade, os bodes expiatórios sofrem muito com as sucessivas projeções destas coisas más, destas culpas alheias e do sofrimento do outro. Por isso um conselho, arruma a tua casa antes de criticares o mundo.

 
 
 

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