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Será a experiência (mesmo) mãe da sabedoria? Uma reflexão acerca da eficácia dos jovens terapeutas

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    o pátio - comunidade
  • 4 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 18 de mar. de 2018



Em 2016, Goldberg, Rousemanier, Miller, Whipple, Nielsen, Hoyt, e Wampold examinaram alterações nos resultados de psicoterapeutas ao longo de 5 anos. O objectivo? Perceber se, tal como acreditam os populares, a experiência é mesmo mãe da sabedoria e se, neste caso, os terapeutas se tornavam mais eficazes ao longo do tempo e dos casos que seguiam. Uma pergunta que poderá não ser muitas vezes intuitiva, por ser uma dúvida que nem sempre se impõe. Em qualquer profissional, se queremos eficácia vamos claramente procurar alguém com largos anos de experiência, certo? Parece que não. Não só a experiência não se mostrou como sendo um preditor significativo da eficácia, como ainda mais surpreendentemente, este estudo chega para nos indicar que afinal, os resultados apresentados pelos psicoterapeutas diminuem, na sua maioria, gradualmente com o tempo e com a experiência. Parecem existir factores maioritariamente presentes em terapeutas com menos experiência que contribuem para uma maior eficácia. Entre eles, a chamada “professional self-doubt”, onde a dúvida se torna, não uma lacuna, mas o primeiro passo para a procura da aprendizagem. A própria esperança no processo parece também estar presentes em terapeutas com uma maior eficácia. Certos e errados à parte, estes resultados poem-nos (ou deveriam pôr) a pensar. Primeiramente, não deveremos nós então apostar cada vez mais nos jovens terapeutas? Não deveremos nós cada vez mais abrir as equipas e as instituições à presença de terapeutas menos experientes e recebê-los como a mais-valia que têm o potencial de ser? Diminuindo gradualmente as barreiras que tantas vezes se impõem ao exercer destes profissionais? Mas não só este estudo nos faz olhar para o que atrás me referi, como vem também provavelmente abalar as crenças de quem tem como objectivo um desenvolvimento e crescimento ao longo da sua carreira e até mesmo de quem se autopercepciona como gradualmente mais competente. Para este reverso da moeda, vem mostrar a “luz ao fundo do túnel” os dados que demonstram que, apesar do atrás discutido, uma (ainda que menor) proporção de terapeutas mostraram um aumento gradual na sua eficácia. No geral, terapeutas mais experientes mostraram também uma menor taxa de terminação precoce da terapia, sendo mais capazes de manter os seus pacientes. Com isto e em tom de conclusão, gostaria de evidenciar primeiramente que estes dados não vêm pôr em causa a eficácia já largamente estudada da psicoterapia. De seguida, e ciente das limitações que à semelhança de todas investigações, também esta possui, acrescentando também a sua quota-parte de estudos que vêm provar o contrário, a verdade é que, no mínimo, estes resultados não deverão ser ignorados. Assim, não só reafirmo o potencial dos jovens terapeutas atrás mencionado, como acrescento a importância da continuação do estudo de que factores parecem tornar os psicoterapeutas melhores e mais eficazes ao longo do tempo, aliando os factores presentes nos primeiros, à mais-valia que uma larga experiência e maior conhecimento podem, indubitavelmente, ser.


Para mais informação acerca deste tema convido-vos a visitar o próprio artigo:


Goldberg, S. B., Rousmaniere, T., Miller, S. D., Whipple, J., Nielsen, S. L. ars, Hoyt, W. T., & Wampold, B. E. (2016). Do psychotherapists improve with time and experience? A longitudinal analysis of outcomes in a clinical setting. Journal of Counseling Psychology, 63(1), 1–11. http://doi.org/10.1037/cou0000131

 
 
 

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