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Shakespeare e as neurociências: como os pensamentos e as emoções alteram o nosso cérebro

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    o pátio - comunidade
  • 22 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura


“Não existe nada de bom ou mau, mas o pensamento torna-o dessa forma”, diria Shakespeare em Hamlet. Os recentes avanços no campo das neurociências têm comprovado o que Shakespeare sempre soube: o poder dos nossos pensamentos molda a natureza do nosso cérebro e da nossa biologia. Tem sido demonstrado, por diversas vezes, que pensar sobre algo repetidamente leva o cérebro a libertar neurotransmissores (mensageiros químicos que comunicam com o corpo e com o sistema nervoso). Estas substâncias químicas produzidas pelos neurónios controlam praticamente todas as funções corporais, incluindo a forma como nos sentimos: alegres, tristes, zangados. Por outras palavras, cada emoção e cada pensamento levam a que sejam libertados diferentes tipos de neurotransmissores que entram em contacto com o corpo e modificam-no. Ao nível do que somos, emoções e pensamentos negativos terão, assim, um impacto diferente de emoções e pensamentos positivos.


Já no século XVI e XVII, as personagens das tragédias shakespearianas viviam em constante conflito entre aquilo que são os conselhos da emoção e do instinto e a influência que vem do raciocínio, do conhecimento e da reflexão. Quando Shakespeare escreve na sua obra Rei Lear “eu vejo sentindo”, esboça a ação criadora muito primária das emoções e dos sentimentos. Como António Damásio referiu numa entrevista, na obra de Shakespeare “praticamente tudo aquilo que interessa, todos os grandes temas, estão lá.”. A propósito da contenda entre emoção, sentimento e razão, Damásio vai mais longe: “uma emoção é uma reação afetiva que é visível, pública. Mas o sentimento, a tristeza ou a alegria, é uma coisa que só o próprio tem (…) é sempre uma experiência, uma vivência do estado emocional em que se está e que, por vezes, não é público. O problema de se denegrirem as emoções está extremamente enraizado. Assim como também está extremamente enraizado o facto de se sobrevalorizar tudo aquilo que tem a ver com razão”. O que a ciência tem vindo a provar é que a dissociação entre ambas não faz sentido, não está de acordo com a vivência humana e que quer a emoção como a razão têm um impacto profundo em nós, mesmo ao nível neuronal e biológico – algo que Shakespeare já intuíra nas suas obras.

 
 
 

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