Violência Doméstica: Gaslighting

A capacidade da incerteza e de dúvida própria é um ótimo indicador de saúde mental. Porém como tudo, tem de existir um meio termo. Já foi falado de relações toxicas, mas nesta crónica vai ser falado de um dos aspetos das relações toxicas e abusivas, o Gaslighting. Este termo consiste numa forma e abuso psicológico e manipulação em que o abusador manipula a vítima a fazer duvidar de si própria e a questionar a sua realidade. Podem se questionar “Como é possível alguém se deixar levar por isto?” Bem, é preciso ter em conta alguns fatores. Em primeiro lugar, quando existe uma relação íntima, existe um espaço de vulnerabilidade. Gostar de alguém torna-nos vulneráveis a esse alguém. Estar numa relação implicar confiar em que essa vulnerabilidade não é usada contra o próprio. Depois também é preciso ter em conta, que o agressor é hábil na arte de manipular, controlar, mentir e abusar da vítima. O método e forma como o fazem também é meticulosamente escolhido. Por fim, Gaslighting também é acompanhado muitas vezes de violência física e outros tipos de violência psicológica, o que aumenta a fragilidade e suscetibilidade da vítima. Este tipo de abuso causa enormes danos na vítima, pois esta começa a duvidar da sua própria sanidade mental e consciência. Esta desorientação faz com que se gere um ciclo que deixa a vítima num estado permanente de confusão e o deixa literalmente nas mãos do agressor. Por detrás deste processo, está os mecanismos de projeção e introjeção. O agressor projeta, conflitos internos, fragilidades e medos na vítima e através da manipulação, força uma introjeção nesta. É importante compreender o sofrimento atroz que este tipo de violência faz e como um suporte social e clínico é importante para tirar a vítima deste ciclo. Como foi dito anteriormente, as relações toxicas assentam na não aceitação do outro por parte do próprio, e isto torna-se ainda mais valido, compreendendo o fenómeno de Gaslighting. Não é fraqueza, não é histeria, é uma forma de violência.